Relógios de bolso – Peças do tempo para gentlemen
Os relógios de bolso têm uma grande legião de fãs. Existem relógios de bolso vintage a preços acessíveis, bem como peças únicas extremamente raras. A Patek Philippe criou alguns dos mais complexos relógios de bolso da história.
Destaques dos relógios de bolso
- Enorme variedade de relógios de bolso vintage no mercado
- Ampla gama de preços, que vai de algumas centenas a vários milhões de euros
- Modelos novos com calibres mecânicos ou de quartzo
- Os modelos da A. Lange & Söhne são particularmente cobiçados por colecionadores
- Disponíveis também com calendário perpétuo, cronógrafo ou repetição de minutos
Relógios de bolso para senhora e homem
Os relógios de bolso têm vindo a ganhar cada vez mais popularidade desde há alguns anos, sobretudo entre os colecionadores e os apreciadores de relojoaria. No século XX, os relógios de pulso substituíram quase por completo os relógios de bolso e, atualmente, é um facto indiscutível que a maioria das pessoas considera que usar o relógio no pulso é bastante mais confortável. No passado, porém, a maioria dos cavalheiros usava relógios de bolso, que possuíam uma corrente (a chamada châtelaine) e eram fixos ao bolso do colete para não se perderem. O relógio de bolso também podia ser usado na algibeira das calças ou no bolso da camisa. A maioria das senhoras usava o relógio ao pescoço com uma corrente mais longa.
Atualmente, marcas como a Tissot, a Regent ou a Dugena continuam a propor relógios de bolso nos seus catálogos, geralmente com preços bastante acessíveis. No interior destas peças batem calibres mecânicos ou de quartzo. A oferta no mercado de segunda mão é bastante mais vasta. Os modelos mais cobiçados são os relógios de bolso vintage da renomada manufactura alemã A. Lange & Söhne. A Patek Philippe, uma das mais prestigiadas manufacturas relojoeiras do mundo, é conhecida pelos seus relógios de bolso com sofisticadas complicações. Os modelos "Graves Supercomplication" e o Calibre 89 foram durante décadas os relógios de bolso mais complicados do mundo.
Conselhos para a compra de um relógio de bolso
Se pretende adquirir um relógio de bolso, tem uma vasta seleção de modelos por onde escolher. Os preços vão desde algumas centenas até vários milhões de euros para modelos exclusivos com sofisticadas complicações. Os mais emblemáticos são os chamados relógios de aprendiz, peças feitas à mão por aprendizes de relojoaria durante a sua formação profissional. Os exemplares históricos que datam do século XIX ou da primeira metade do século XX são particularmente cobiçados pelos colecionadores. Como só existe um exemplar de cada, são extremamente raros e exclusivos . Se pretende adquirir uma destas peças, conte com uma verba de pelo menos 30.000 euros.
Para se iniciar no mundo dos relógios de bolso novos, sugerimos que dê uma vista de olhos ao catálogo das marcas Regent, Dugena ou Tissot. Os relógios de bolso da Tissot em segunda mão custam menos de 500 euros, embora as versões em ouro possam alcançar os 2.500 euros. Poderá também encontrar relógios de bolso em segunda mão da marca Omega. O preço dos modelos mais acessíveis ronda os 200 euros, ao passo que os modelos de ouro podem chegar a custar cerca de 4.000 euros.
Os relógios de bolso da IWC (International Watch Company) usados estão disponíveis a partir de 800 euros. Contudo, existem também modelos de ouro por cerca de 25.000 euros. Os preços dos relógios de bolso vintage da Patek Philippe começam na casa dos 3.500 euros e podem chegar a custar quase um milhão de euros. Por exemplo, o Graves Supercomplication , um exemplar fabricado para o banqueiro norte-americano Henry Graves Jr., foi vendido num leilão da Sotheby pela impressionante soma de 23,2 milhões de francos suíços, conquistando assim um lugar na lista dos relógios mais caros do mundo. Já o Patek Philippe Calibre 89, um dos relógios mais complicados do mercado, foi leiloado em 2009 num antiquário por cerca de 5 milhões de dólares.
A história dos relógios de bolso
A história dos relógios de bolso remonta ao século XV. A sua criação foi possível graças à invenção da mola espiral, que permitiu reduzir o tamanho do movimento. Antes disso, os grandes relógios de pêndulo utilizavam pesos para gerar a energia necessária ao movimento do mecanismo. Um dos relógios mais antigos com mola espiral, de que se tem conhecimento, data de 1430, e albergava um fuso, peça responsável por compensar o desenrolar da mola. Pertencia a Filipe o Bom, Duque de Borgonha, e encontra-se atualmente no Museu Nacional Alemão, em Nuremberga.
Peter Henlein, um serralheiro de profissão oriundo de Nuremberga, foi o primeiro a fabricar um relógio portátil, que integrava uma mola espiral e um mecanismo de escape. Estes tinham um formato tipo tambor ou esférico e eram transportados dentro de uma bolsa. Um destes exemplares pode ser admirado no Museu Nacional Alemão em Nuremberga. Esta cidade da região da Francónia, no estado da Baviera, foi um centro relojoeiro no século XV. Graças à sua rica história e às inúmeras invenções que aqui nasceram, muitos historiadores apelidam-na de "Silicon Valley da Idade Média".
O tamanho dos relógios portáteis foi diminuindo progressivamente e, em breve, passaram a ser usados pendurados ao pescoço, presos por um cordão. Estes tinham uma forma ovalada e ficaram conhecidos pelo nome de «ovos de Nuremberga». Dado que os primeiros relógios portáteis ainda não eram muito precisos, estes possuíam apenas um ponteiro das horas. A invenção do escape de âncora no século XVII melhorou a exatidão com que era medido o tempo, permitindo o aparecimento do ponteiro dos minutos.
A grande maioria dos relógios de bolso antigos não está assinada, dado que a prática de colocar o nome ou o logótipo da marca não se estabeleceu senão depois do século XIX. Assim sendo, a única forma de identificar o fabricante de algumas destas peças é através das particularidades da sua construção.
As formas das caixas dos relógios de bolso
No século XVI, as caixas dos relógios de bolso possuíam frequentemente uma forma oval ou esférica. Contudo, com o passar do tempo, a caixa evoluiu para a forma redonda e plana que conhecemos hoje.
No que à sua forma diz respeito, os relógios de bolso repartem-se em duas categorias: Savonnete ou Lépine. A forma Lépine tem as suas origens no relojoeiro francês Jean Antoine Lépine, e consiste num tipo que construção em que o ponteiro dos segundos, a tige da coroa e a coroa se encontram alinhados. Os relógios Lépine não possuem uma tampa de proteção e são extremamente planos. Por isso, eram usados no bolso do colete. Ao invés, os relógios Savonnete possuem uma tampa de proteção que protege o vidro do mostrador, sendo aberta por meio de um botão. A palavra Savonnete deriva do francês e significa "pequeno sabão". No caso dos relógios de bolso Savonnette, a indicação dos segundos encontra-se posicionada às 6 horas. A coroa situa-se no flanco da caixa, às 3 horas. Este tipo de construção torna o seu manuseamento mais fácil, permitindo segurar o relógio com a mão direita e abrir a tampa com a esquerda para ler as horas.
As caixas dos relógios de bolso
- Lépine: coroa, tige da coroa e segundos alinhados, sem tampa de proteção
- Savonnette: segundos às 6 horas, coroa no flanco, tampa de proteção
Relógios de bolso com complicações
Os relógios de bolso fazem muito mais do que mostrar as horas. Alguns deles são autênticas obras-primas relojoeiras com sofisticadas complicações. Marcas como a Patek Philippe, a Breguet e a Vacheron Constantin distinguiram-se neste campo.
"Graves Supercomplication": 24 complicações
Com as suas 24 complicações, o Supercomplication Henry Graves foi considerado, até 1989, o relógio de bolso mais complexo alguma vez criado. O relógio inclui, entre outras funções, calendário perpétuo, cronógrafo rattrapante e diversas indicações astronómicas. Mostra a hora do nascer e do pôr-do-sol, bem como um mapa das estrelas do céu acima de Nova Iorque.
O Supercomplication Henry Graves foi criado pela Patek Philippe para o banqueiro Henry Graves , um profundo conhecedor e colecionador de relógios. Outro ilustre colecionador da época era James Ward Packard, um fabricante de automóveis de luxo . Ambos eram aficionados colecionadores de relógios Patek Philippe, tendo encomendado diversas peças do tempo à marca genebrina. O objetivo: suplantar a coleção do outro único colecionador de relógios à sua altura. A competição foi ganha por Henry Graves Jr. com o "Graves Supercomplication" encomendado à Patek Philippe em 1925. O relógio só estaria pronto sete anos depois, em 1932, pelo que Graves teria ainda de esperar 12 meses para o ter nas suas mãos. Entretanto, Packard faleceu em 1928, pelo que nunca foi a tempo de rebater, encomendando um relógio ainda mais complicado. Ficou assim para sempre em aberto se a Patek Philippe teria sido capaz de fabricar um relógio ainda mais complicado no início da década de 1930.
Patek Philippe Calibre 89: 33 complicações
A complexidade do Supercomplication Henry Graves só foi ultrapassada em 1989 com o lançamento do lendário Calibre 89, um relógio de bolso com 33 funções, entre as quais cronógrafo rattrapante, calendário perpétuo, fases da lua e segundo fuso horário. E estas são apenas as complicações que surgem num lado do mostrador! No outro lado, o mostrador é dedicado a diversas complicações astronómicas e ainda complicações acústicas como repetição de minutos , grande e petite sonnerie, alarme e quatro gongos a proporcionarem uma melodia de 12 notas. Foram produzidos apenas 4 exemplares do Calibre 89.
Vacheron Constantin: 57 complicações
Em 2015, a manufactura suíça Vacheron Constantin estabeleceu um novo recorde, com o relógio de bolso Ref. 57260 , uma obra-prima com um total de 57 complicações. A Vacheron Constantin fabricou este modelo para um cliente abastado cuja identidade é desconhecida. O ponto alto desta peça são os múltiplos calendários, nomeadamente calendário perpétuo, calendário perpétuo hebreu, calendário astronómico, calendário lunar e calendário religioso, bem como um calendário profissional que assenta na ISO 8601.
Breguet Marie-Antoinette: um relógio de bolso real
O relógio de bolso Breguet Grande Complication Nr. 1160 é, tal como o seu antecessor, o famoso relógio de bolso Breguet N.º 160, uma verdadeira raridade. Este último foi encomendado a Breguet por um admirador secreto da Rainha Marie-Antoinette, em 1783. Naquela época, Breguet era o relojoeiro da corte francesa e a rainha era uma das suas grandes admiradoras. O relógio encomendado a Breguet devia reunir todo o know-how relojoeiro da época numa só peça. Além disso, o ouro deveria ser o material de eleição. Breguet começou a trabalhar no relógio em 1782, porém este só ficou terminado 44 anos depois pelas mãos do seu filho — vários anos depois de Marie-Antoinette ter sido mandada à guilhotina. O relógio de corda automática contava com complicações como calendário perpétuo, repetição de minutos e indicação de reserva de marcha. Também indicava a equação do tempo, ou seja, a diferença entre a hora real e a hora solar média, que corresponde à hora civil.
O Marie Antoinette pôde ser admirado no Museu de Jerusalém até 1983, ano em que foi roubado. O relógio de bolso esteve desaparecido durante 24 anos, tendo sido restituído em 2007 ao museu pela viúva do ladrão. Em 2004, Nicolas G. Hayek, o fundador do Grupo Swatch incumbiu os relojoeiros da Breguet de reconstruir o Marie Antoinette, tendo a penosa tarefa de reconstituição com base em desenhos e arquivos ficado terminada em 2003.
Abraham-Louis Breguet, considerado o maior génio relojoeiro de todos os tempos, foi o fundador da Breguet. Foi ele também o inventor do turbilhão, um dispositivo que serve para compensar os efeitos negativos da força da gravidade do relógio de bolso.